Volta e meia, o debate volta a ordem do dia. Nascemos empreendedores ou nos tornamos empreendedores? As características empreendedoras são inatas ou podem ser adquiridas? Um estudo realizado por cientistas britânicos e norte-americanos acaba de colocar mais lenha na fogueira. Os pesquisadores estudaram o perfil empreendedor de 1.266 pares de gêmeos, dos quais 609 pares eram univitelinos (geneticamente idênticos).
O objetivo era identificar a relação entre os fatores genéticos e a capacidade empreendedora. E, segundo os cientistas, o resultado é o seguinte: metade da probabilidade que um indivíduo tem de se tornar empreendedor deve-se a fatores genéticos.
Tem mais. Ao que parece, pelo menos um dos “genes empreendedores” já foi identificado por neurologistas da Universidade de Princeton. Trata-se do NR2B, que, conforme os testes sugerem, é parcialmente responsável pela capacidade de sobrevivência em ambientes hostis e de adaptação a mudanças bruscas – pelo menos no que se refere aos roedores utilizados nos experimentos. A hipótese em questão é que os empreendedores possivelmente possuem o NR2B mais desenvolvido do que os não-empreendedores. Agora, o problema é o seguinte: supõe-se que menos de 4% da população mundial possuiria essa “genética empreendedora”.
Ora, esse número é suficiente para nos mostrar que a capacidade empreendedora não é exclusivamente inata. Basta olhar ao redor para ver que há muito mais empreendedores à nossa volta do que aqueles ínfimos 4%. Nenhuma empresa conseguiria prosperar se somente 4% de seus funcionários fossem empreendedores. E o que dizer de um país que tivesse apenas essa porcentagem de empreendedores entre seus habitantes? Evidentemente, há no mundo muito mais gente empreendendo que esses ridículos 4%. Logo, a conclusão óbvia é que, se uma minoria “nasce” empreendedora, uma esmagadora maioria se torna empreendedora, seja por necessidade, seja pelo desejo de prosperar.
Como ainda estamos muito longe do dia em que os empreendedores poderão ser criados em laboratórios mediante implantes genéticos, resta aos demais 96% dos habitantes do planeta a alternativa bem mais viável de aprender a desenvolver a capacidade empreendedora. E como se aprende isso? Na prática – e em nenhum outro lugar. Você pode, e deve estudar, ler, informar-se, mas se não transformar tudo isso em experiências concretas, testadas e aprovadas em seu dia-a-dia profissional, dificilmente chegará a algum lugar. Afinal, pode até existir empreendedor nato, como as pesquisas parecem indicar. Mas empreendedor teórico – esse ainda não foi inventado.
Por fim, aqui vão algumas palavras de alento aos que se sentem em desvantagem por não possuírem o tal gene do empreendedor. Quando uma pessoa é portadora de um gene ligado à determinada doença, isso não significa que ela irá, obrigatoriamente, desenvolver a enfermidade. Significa apenas que possui grandes chances de vir a desenvolvê-la. Sendo assim, a mesma lógica vale para o gene empreendedor – se é que isso de fato existe. Não basta tê-lo, é preciso desenvolvê-lo.
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