O sucesso tem suas armadilhas. Talvez a pior delas seja a tendência a uma arrogante acomodação. A pessoa se torna tão confiante em seus métodos – afinal, eles a levaram ao sucesso – que passa a confiar neles cegamente, acreditando que, o que funcionou uma vez, vai funcionar sempre. Para complicar um pouco mais as coisas, essa pessoa começa a acreditar que sabe tudo o que precisa saber e que nada mais tem a aprender. É nesse momento que ela pára de crescer e coloca em risco o sucesso que conquistou.
Não há nada de errado em confiar em si mesmo. Porém, evitar a autocrítica e desdenhar o aprendizado não são sinais de autoconfiança – são sinais de auto-engano. A verdadeira autoconfiança jamais dispensa uma boa dose de humildade, inclusive a humildade de admitir que ainda temos muito o que aprender. A esse respeito, Sócrates, o grande filósofo grego da Antigüidade, nos ensina uma importante lição.
Certa vez, alguém perguntou ao célebre oráculo de Delfos se Sócrates era de fato o mais sábio dos mortais. A resposta foi sim. A história foi contada a Sócrates, mas, em vez de vangloriar-se, o filósofo ficou intrigado. Decidiu, então, conversar com vários homens que eram tidos como sábios, na tentativa de descobrir porque o oráculo os havia excluído. Depois de encontrar-se com essas pessoas e avaliar o que tinham a dizer, Sócrates concluiu: “Todas elas são tão arrogantes, tão seguras de seus conhecimentos que, se realmente sou mais sábio do que elas, é porque sei que não sei o que elas acham que sabem”.
Outra das armadilhas do sucesso é transformá-lo num fim em si mesmo, no objetivo máximo de nossas vidas. Se fizermos isso, o que acontece depois de chegarmos ao sucesso? Qual será nosso novo objetivo, nosso desafio, nosso horizonte? Transformar o sucesso na referência máxima de nossas vidas é um caminho perigoso. É claro que todo mundo quer vencer obstáculos e ser bem-sucedido. No entanto, tudo isso é parte de algo bem maior, que pode ser chamado de a arte de viver.
Essa arte consiste em usar os desafios – tanto profissionais quanto pessoais, emocionais, espirituais e afetivos – para aprender, crescer, amadurecer e se renovar constantemente. O sucesso não é um lugar no qual você chega, se acomoda e decide ficar por lá mesmo – como se isso fosse realmente possível. É apenas um degrau a mais na jornada de nossas vidas. E ainda bem que é assim. Afinal, que vantagem há em ficarmos parados no meio de uma escada?
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