Certa vez ouvi uma frase que me deu muito o que pensar. A frase é: “o que não tem solução, solucionado está”. À primeira vista pode parecer que essas palavras encerram uma mensagem de pessimismo e de acomodação. Então não devemos lutar sempre? Não devemos nos esforçar ao máximo para superar limites e obstáculos? Sim, devemos. Mas também precisamos ter sabedoria suficiente para entendermos que algumas coisas são inevitáveis. E, nesses casos, a superação não consiste na obsessão de mudar o que não pode ser mudado, mas na coragem de compreender isso e buscar novos caminhos.
Exemplo dessa atitude é o do João Carlos Martins. Pianista de renome internacional, Martins teve de enfrentar diversos problemas com as mãos que o impediam de tocar. Vários desses problemas ele superou graças a uma fantástica determinação. A certa altura, porém, ele teve de se submeter a uma cirurgia que iria seccionar os nervos de sua mão. E isso era definitivo. Mas Martins mais uma vez superou os obstáculos que lhe eram impostos. Como? Ele não recuperou os nervos seccionados, porque isso seria impossível. Em vez disso, passou a estudar regência, fundou duas orquestras e deu início a uma brilhante carreira de maestro.
Há uma célebre prece na qual pedimos “serenidade para aceitar as coisas que não podemos modificar, coragem para modificar aquelas que podemos e sabedoria para reconhecer a diferença entre umas e outras”. Eis aí a essência da superação. Admitir que algumas coisas são inevitáveis não é derrotismo. É o primeiro passo para passarmos da obsessão estéril à determinação construtiva. Em vez de bater de cabeça contra um muro sólido, é melhor tratar de encontrar uma porta. Às vezes a porta está oculta, às vezes está emperrada e, às vezes, está bem na nossa frente. Mas, acredite: sempre há uma porta.
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