Um modesto lavrador ouviu dizer que o imperador pretendia dar um grande banquete. Imediatamente, colocou toda a sua colheita num barco e seguiu para o castelo. Sua intenção era procurar o cozinheiro-chefe do imperador e vender-lhe, de uma vez só, sua colheita inteira. Ao descer o rio, porém, foi ultrapassado por outro barco, que navegava em grande velocidade. Ele logo reconheceu a embarcação: pertencia a outro lavador, que era seu vizinho. O homem ficou fora de si. Queria ser o primeiro a chegar para vender sua safra, e não estava disposto a abrir mão dessa vantagem.
Começou a navegar mais depressa, até que ambos os barcos se envolveram numa louca e perigosa corrida. Tão furioso estava o lavrador com a possibilidade de ser passado para trás que deixou a prudência de lado e se pôs a realizar manobras arriscadas. Acabou perdendo o controle de seu barco. Não houve como evitar a colisão, e as duas embarcações afundaram. O lavrador conseguiu escapar com vida, mas perdeu toda a sua colheita. Só então percebeu que o outro barco estava vazio. A embarcação havia se soltado de suas amarras e estava navegando à deriva. Seu temível concorrente era apenas fruto de sua imaginação – e de sua ganância. Cuidado com os inimigos imaginários. Sua própria falta de autocontrole é que é, no fundo, a sua maior inimiga.
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